“Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.”[Martha Medeiros]
Essa ideia de se inspirar na vida alheia não é de hoje. Não é de hoje que as pessoas adoram olhar o outro e copiar. Não é de hoje que a “grama do vizinho parece ser mais verde” que a nossa. Claro que numa geração onde o instagram domina o cotidiano de muitos, esses desejos já extrapolaram o limite, e de tanto querer a vida dos outros, acaba não vivendo a sua própria. Mas não é de extremos que quero falar, quero falar de espelhos. Quando eu era mais nova (e ferramentas como instagram não existiam) minha inspiração e a tal da “vontade de fazer, viver, ser igual” viam de outra fonte: os livros! Eu sempre amei ler e algumas histórias entravam no meu imaginário de tal forma que viravam desejos, alias continuam fazendo isso. Por exemplo ano passado li o livro “LIVRE” da autora Cheryl Strayed (ele virou filme esse ano) e nasceu em mim uma vontade tão grande de fazer uma jornada como a dela, não porque eu esteja passando por algo como ela passou, mas pela experiência de auto conhecimento que uma jornada dessa aflora em nós (as jornadas internas são necessárias a todos, mas as vezes precisamos de uma jornada real, física para enxergar o lado de dentro.
Só estou dizendo tudo isso para compartilhar com vocês uma experiencia surreal que vivi no final de 2015. Com 16 anos passei praticamente a morar sozinha, com 19 ‘montei’ minha primeira casa (uma que era só minha) onde escolhi os moveis, o lugar, tudo! até o suporte do papel higiênico e de lá para cá sempre tive meu cantinho, as vezes compartilhado, muitas vezes só meu. Dai um dia lá pelos meus 24 anos me peguei lendo uma crônica da Martha Madeiros que fez um reboliço interno. Na crônica ela propunha e contava a própria experiencia de vender tudo o que ela tinha, tudo mesmo! uma casa inteira em um bazar no jardim bem ao estilo americano e alcançar um estado de leveza e comprometimento com as coisas que realmente importam que me abalou. No mesmo instante que desejei viver experiencia parecida tive um panico de me ver sem minha casa, minhas coisas..COMO ASSIM VENDER TUDO?? impossível para mim. Achei que isso nunca aconteceria comigo. E de fato ainda não aconteceu mas cheguei perto, bem perto. E hoje estou aqui para falar dessa vivencia.

Quem quiser ler a crônica completa é só clicar na imagem acima (…) Fonte da publicação: Contioutra.com; Fonte da Imagem: Web
Final do ano passado, resolvi entregar o meu apartamento em Santos, o volume de trabalho em SP reduziu e agora casada eu e meu marido estamos trassando novos planos. E comecei a pensar onde levaria minha coisas e meu marido logo falou: Joga tudo fora, vamos começar do zero quando nossa casa estiver pronta. CHOQUEI! mas ai me lembrei de Martha, e a ideia assustadora começou a ganhar espaço no meu coração. Muitas coisas em não queria vender, nem doar. Fiz uma lista enormeeee de coisas que não iria abir mão, mas quando chegou o dia de embalar as coisas, conforme ia arrumando um desapego enorme tomou conta de mim, e comecei a descartar tudo que não tinha nenhum valor sentimental. Acho que porque acabei encontrando coisas que fizeram meu coração parar de tanta alegria, e quando você se depara com as coisas realmente importantes, o resto se torna apenas resto. Fui colocando em um canto da casa as coisas que levaria comigo, e no final acabei me desapegando de 90% de tudo. Sim! eu doei tudo, toda a minha casa saiu em um caminhão abarrotado e não consigo nem explicar a sensação libertadora que isso gerou em mim. No final todas as minhas coisas que ficaram couberam em um box de 1,50×1,0 metro (isso é minusculo,acredite). Pequeno, mas libertador. Nunca me senti tão Leve, tão livre, tão agradecida. Não preciso de carregar nada naquele lugar, as coisas que realmente importam são as que eu vive ali com pessoas especiais e extraordinárias, e essas eu levo comigo do lado de dentro, no lugar mais precioso do meu ser, o coração! Como a Martha sabiamente citou na sua crônica, e agora eu pude não só ler, mas VIVER também:“Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir”
Beijos Leves
Olivia
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