Quando comecei a mergulhar em 2004, uma das primeiras coisas que aprendemos é a respeitar um senhor chamado Jacques Cousteau, por inúmeros motivos, entre os quais pela invenção do mergulho. Se hoje podemos mergulhar é gracas a esse homem e sua paixão pelos mares.
Mas de todas as coisas que aprendi sobre Jacques, a que mais “grudou” no meu coração foi a frase em que ele diz que é impossível amar aquilo que não vemos e por isso ele lutava para que as pessoas pudessem ver o fundo do mar e se apaixonar e a partir desse dia a preservação dos mares não precisaria ser imposta nem explicada, ela seria fundamental na vida de todo ser humano. Eu não vou ficar aqui explicando a importância que os mares tem na nossa vida, na nossa sobrevivência porque finalmente eu aprendi que nós (ecochatos; ambientalistas, seres conectados com o planeta ou qual nome ridicularizado que gostam de nos “enquadrar”) devemos mudar a postura, devemos lutar não por um discurso, mas pela formação de um comportamento, e quem estudou marketing sabe que o o comportamento do ser humano é manipulável, é criado não vem de uma vontade própria, ela é imposta de uma maneira sutil e sedutora pela mídia.
Posso não estar sendo bem clara, mas deixarei aqui (só para registrar que penso como ele, uma pequena forma de protesto e explanação mesmo 😉 ) trechos de uma crônica de esplendido filósofo Cortella, de quem eu sou fã, que explica exatamente meu ponto de vista. Cortella conseguiu descifrar a xarada. O texto vale a leitura.
A ECOLOGIA, O APEGO E O EROTISMO
Algumas concepções orientais milenares pregam o desapego ao mundo. Mas para proteger algo ou alguém, é preciso ter apego. Por isso, as pessoas, em sua maioria jovens, não se envolvem com temas fundamentais como a ecologia, não se preocupam em zelar pela natureza para garantir um mundo sustentável. Para os jovens o erotismo permeia tudo e esse tema, a ecologia, não foi erotizado.
As campanhas publicitárias conseguem erotizar um jeans de tal forma que ele pode ser vendido pelo preço de um tv de plasma de 42 polegadas. Conseguem erotizar um par de tênis e vendê-lo pelo preço de dois pneus de carro. Conseguem, em resumo, transformar objeto em desejo. As pessoas precisam do que dsejam. O tema da SUSTENTABILIDADE, no entanto, jamais foi erotizado.
A maioria das campanhas se apoia na tese de que devemos nos desapegar para proteger o planeta. Mas, insisto, o que nos faz zelar, proteger, cuidar é o apego, e não o desapego. É por me apegar àquilo que gosto, que usufruo, que desfruto, que quero cuidar da minha saúde. É por apegar a alguém que quero cuidar dessa relação, para que ela não se esgarce. É por me apegar, por exemplo, à beleza da natureza que quero protegê-la. A falta de erotização das campanhas em prol da natureza resulta que, para um jovem, a única coisa que se entende é que ele precisa abrir mão de alguma coisa para manter o planeta. E abrir mão inevitavelmente significa gerar desinteresse.
Assim é preciso erotizar a responsabilidade socioambiental, transformá-la em desejo de cuidar da vida em suas multiplas faces, para que se possa ter apego ao rio, à sociedade humana, de forma que o rio não fique poluído e a sociedade não se frature numa comunidade de vitímas. (…) Apegar-se é olhar o outro como a um igual, que deve ser preservado, e não como um estraho, que pode ser descartado.”
Trechos retirados do livro “O que a vida me ensinou” páginas 47,48 e 49 de Mario Sergio Cortella
Beijos Ecologicamente Eróticos :*
Olivia
Tive a oportunidade de mergulhar com cilindro no mar vermelho em Eilat/Israel, te garanto que nunca na minha vida até hoje, senti uma paz tão grande, misturada com emoção, excitação… sem explicação!!
É indescritível mesmo Grazi, porém o que mais me fascina é a transformação interna, hoje depois dessa experiência tenho certeza que seu coração se entristece profundamente quando vê alguém ou até mesmo alguma matéria na tv ou jornal degradando os oceanos, né? É o amor, o apego por ele que entrou no coração. Eu amo muito ❤